Crucifies my enemies....

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Não sei.

Mas acho que (e este acho é um pouco modesto da minha parte) falo muito sobre mim aqui. Não me apetece hoje ser egoísta. Não mesmo.
Já ajudei uns putos com o seu, ilegal, pombal, por isso me sinto um pouco mais aberto ao mundo.
Não confundir com aberto a outras coisas, pois isso só para o Super.
Por acaso fez-me uma certa impressão a actual polémica dos crucifixos. Isso e o artigo do Ricardo Araújo Pereira na Visão. Revista que não adquiro, por motivos de divergência com o seu editor. Porque raio há polémica?
Somos, é certo, um país pluri-religioso, mas de tendências marcadamente católicas, históricas (muito embora essa história do gajo pregado na cruz venha do Salazarismo). Não acho mal nenhum, aliás acho, como o próprio RAP disse, que seria um incentivo para os laicos, manter os ditos na escola. Ninguém gosta do que se passa na escola. Toda a gente detesta. Mas tem que se aguentar, um pouco de preparação para a vida futura. As matérias chatas, os colegas chatos, os engates na classe etc etc. Tudo isso é base de formação. Até o pregado.
Pois assim eu sei que ele existe, e posso ou não gostar.
No meu caso, não gosto, quer pela instituição que representa (não confundir com a crença, com essa não tenho problemas) quer pela imprecisão histórica em maior parte deles, ou seja, o sítio onde os discipulos de Pilatus o pregaram.
Mas não consigo ver como daí se poderá extrair uma polémica.
Como diz Sarsfield Cabral, daqui a pouco estamos a limpar muitos dos nossos monumentos dos símbolos maçónicos que apresentam, pois nem todas as pessoas dão a sua concordância ao movimento (eu nem dou nem deixo de dar, não percebo como pedreiros puderam atingir altos cargos dirigentes, mas lá está, se calhar eles são é comunistas).
Deixem lá estar o bacano! O gajo já sofreu o suficiente na curta vida que teve (ou pelo menos é o que nos diz a história), para andar agora a ser motivo de, mais uma, polémica em torno disso.
Aliás, o único a quem lhe doi, é mesmo ele.
Segundo Nietszche, o único cristão que alguma vez existiu.

5 comentários:

Maria disse...

Também queres que ao lado do dito esteja a fotografia de um político qualquer, não?
É claro que não faz sentido a existência de crucufixos na escola, tal como não fará sentido a existência de um templo a Buda... são tradiçõe marcadamente católicas ou antes representativas de um estado novo que ainda resiste? Não se podem comparar a existência de crucifixos nas salas de aula aos monumentos, as escolas existem com o fim de educar e moldar as nossa crianças e jovens, e não para enviar mensagens subliminares...existem para informar e não formar bons católicos... Talvez também fosse giro manter a tradição dos uniformes da Mocidade Portuguesa, e cantar o hino de mão direita levantada à altura dos ombros???

Eva Gonçalves, PhD Sociology disse...

Olha que coisa bonita! Cantar o hino com os uniformes da Mocidade Portuguesa .... esta imagem fazme lembrar a minha ex-directora, que pertenceu à Mocidade

Luke disse...

Eu como agnóstico que sou, estudei numa sala de aula com o cristo lá espetado. Ninguém me obrigou a seguir determinada religião. E não será um monumento uma fundamental peça de educação, tão importante como uma aula de história? Não serão os exemplos do nosso passado instrumentos, também, de educação e molde das nossas crianças e jovens?
Mas tudo isto para dizer o seguinte.
Gastam-se rios de tinta e tempo num assunto que a mim nunca me incomodou nem irá incomodar. Que esteja lá ou não, para mim é irrelevante.
Mas infelizmente, quer queiras quer não, ainda vivemos num país muito próximo do Fado Futebol e Fátima, não é por tirares os crucifixos que irás alterar mentalidades de pessoas contemporâneas do regime salazarista. Não é o símbolo na escola que irá enviar uma mensagem subliminar, é sim a educação que directamente é dada pelos pais, sem deixar às crinaças margem de manobra para escolherem a fé credo ou o que bem entenderem.
Digo eu.
Mas eu também não sou o Cavaco....

Eva Gonçalves, PhD Sociology disse...

A escola que se pretende actualmente é laica e abragente a todos os credos.
Não são só os crucifixos que devem ser retirados, mas, sobretudo, os temas católicos da programação escolar que exclui e não respeita as crianças de outros credos das actividades escolares. O Natal ou a Páscoa por exemplo servem sempre de mote a actividades escolares nas quais muitas crianças não participam por esse Portugal fora.

Maria disse...

Ora aí está uma grande verdade, Blue. E são esses direitos que estão constantemente a ser violados. Somos laicos, mas só às vezes, quando dá jeito...
É óbvio que os símbolos na escola não modificam as crianças, mas podem criar conflitos naquelas que têm crenças diferentes, desde logo o facto de pertencerem a minorias sem dignidade para expôr os seus próprios dímbolos religiosos. Por acaso recordo-me de um Telejornal, transmitido em directo da primeira escola virtual, equipada com as últimas novidades tecnológicas, e ali, ao lado da tela de projecção, lá estava o Sr. Jesus, crucificado. Incongruências...