Todos os trabalhos têm os seus prós e contras, por mais que pensemos que neste auferimos mais, naquele trabalhamos menos, no outro viajamos mais, mas todos têm as suas contrariedades.
Poucas pessoas se apercebem do que faço, não me queixo do trabalho, mas por vezes torna-se um pouco complicado lidar com determinadas situações, pois são situações que mexem intimamente com a vida de pessoas.
Falemos de um caso, omitindo locais nomes e todos os demais elementos considerados identificativos.
Numa freguesia aqui do concelho, há uns meses atrás, uma senhora de avançada idade, reformada, foi autuada por um agente da PSP actuando com zelo extremo.
A prevaricadora encontrava-se a alimentar animais, neste caso pombos, na via pública. Sim, esta acção é contra-ordenação, pelo menos neste concelho.
Vejamos os factos, idade avançada, poderemos extrapolar que mais nada lhe ocupa o tempo do que a alimentação dos ditos na via pública.
Obviamente, e tendo em conta o espírito correctivo da norma, não lhe foi aplicada qualquer coima, na altura achei que, para além de excessivo, seria ridículo.
Assunto arrumado, passemos a outro.
Há uns dias recebo um novo processo, em nome da mesma arguida, por alegadamente estar a alimentar animais na sua fracção. Fotografias do imóvel, mais concretamente da fracção em causa, constata-se que é a única onde estão pombos. Normal, os bichos até têm sentido de orientação, e a mãe natureza atribuiu-lhes sentido de sobrevivência.
Pois a mesma senhora, com parca reforma, irá por certo ser obrigada a cessar a actividade, pois está a pôr em perigo a saúde pública, e provavelmente a pagar uma coima, pois tem já antecedentes.
Agora decidir.
Analisando os factos friamente, está realmente a atentar contra o bem estar dos restantes condóminos. Pois não são só pombos que alimenta, mas alegadamente de acordo com a reclamação que originou o processo, outros animais, em número abusivo, não acompanhado a devida limpeza do espaço o prosseguimento da actividade em causa.
Sei que a senhora vive sozinha, não tem mais nada que fazer o dia todo, estou perante um problema social vivido por muitos na idade dela.
Mas vou ter de decidir de acordo com a minha consciência, e com a lei.
E pende a favor dos vizinhos.
Este é apenas um de muitos. Não ando a acartar com baldes de massa, não limpo chaminés ou aturo gente chata numa mesa. Mas é difícil chegar a casa de cabeça livre de pensamentos dos mais variados, e mais dificil é de ter paciência para coisas que sei que deveria ter de tão insignificantes que são.
Portanto, nem tudo é o que parece. Nem esta frase.
Crucifies my enemies....
sexta-feira, junho 24, 2005
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2 comentários:
aha imagina se ela apanha um elefante albino do Gerês...muito amendoim meu caro...ou será muita moeda??hummm
Existem locais e pessoas que se ocupam de pessoas nessa situação. E cabe a eles tratar da parte social do ponto de vista da idosa. Encaminha o caso para quem de direito e toma a tua decisão em consciência. Muitas coisas fogem das nossas mãos; por mais que se queria não se pode ter todos os necessitados debaixo das nossas asas ou sob os nossos cuidados.
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