O rapaz contribui.
Quando eu for grande quero ser uma verdadeira democrata. Ser tolerante e amável com os povos do mundo, desfrutar na orgia das ideias partilhadas, enfim, ser um filha do 25 de Abril em particular e do meu tempo global e solidário em geral.
Mas por enquanto não sou capaz, e não será com certeza pela falta de catequeses na infância dos meus dias, pelas horas de leitura dos evangelhos e demais livros de auto-ajuda similares. Se por mim fosse, amanhã mesmo tatuava-me os peitos com os ensinamentos dos mestres budistas e transformava-me na nova Penélope Cruz lusitana a destilar boa onda, fraternidade e compaixão pelos desgraçados do planeta. Mas não. Népias. Ni jartita uisqui dí, como te lo digo, tú.
E neste mundinho esterilizado, sem vozes autónomas que se atrevam a dizer o que lhe vai na mona, em que o politicamente correcto comanda o pensamento único e a intenção de voto, nesta vida em que a opinião própria custa raspanetes, olha lá que não devias ter dito isso, ficou todo ofendidinho, ui, ui, vê se pedes desculpa pela tua boca grande, digo que não há cu para a estupidez geral dos anormalecos com o rabinho a precisar de uma bela de uma nalgada e uma vida para se meterem dentro dela. E muito menos que a esta altura do campeonato se tenha que aturar comichosos, você ofendeu o orgulho da minha família quando disse que os beirões eram totós, e claro a minha santa mãe, que deus a tenha, era de Gardunha, e isso doeu-me muito cá nos meus interiores e agora vou-lhe já mandar um e-mail a repudiar a sua graçola, denunciá-la à Procuradoria-Geral da República e difamar o seu bom-nome pelas paredes das fábricas do país. 25 de Abril, sempre, que a gente é tudo camaradas e iguais e claro, se me vejo reflectido numa crítica, numa ironia – que não entendo porque sou disléxico mental – chamo a comissão de trabalhadores para dar tareia na voz discordante.
Já chega. Porque não tenho pachorra, oyes, nem capacidade intelectual e muito menos tempo útil para gastar com a exigência de compreensão por parte de sindicalistas do pensamento, virgens ofendidas e feministas histéricas, imbecis em geral cuja missão na terra é chamar a atenção à gralha ortográfica, à ofensa dramática de pensar como nos dá na gana, gentinhas sem amores e sexo para pôr em dia, complexados, comichosos e beatas. Não dá.
Que fazer ante a gratuitidade da estupidez? Qual a opção lógica ante a imposição brutal do fundamentalismo neuronal a todo o custo? Será a herança do 25 de Abril ter que levar com a imbecilidade por decreto-lei, aceitá-la sem mais, amá-la como se fosse nossa filha?
Quanto a mim, que me desculpem as regras da decência: fodei-vos
Crucifies my enemies....
quarta-feira, abril 20, 2005
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1 comentário:
esta mulher que vos transcrevo é um espectáculo, digo-vos..houvesse mais assim e o mundo era muito mais colorido..
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