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terça-feira, maio 11, 2004

Escuteiros substituem funcionários do SEF durante Euro 2004

Os funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SE&F) que entrarem em greve antes ou durante o Euro 2004 poderão ser substituídos por escuteiros. A proposta está em cima da mesa de Durão Barroso, ao que parece deixada por mão anónima na noite de sábado para domingo.

Fontes governamentais desmentem qualquer envolvimento do ministro Marques Mendes no assunto, embora o próprio ministro tenha laconicamente admitido, à saída de S. Bento, que "o Escutismo é uma actividade complementar da escola e da família, preenchendo as lacunas deixadas por ambas as instituições".

Certo é que, perante esta possibilidade, o site oficial da Associação de Escuteiros de Portugal tem registado um grande número de acessos e de preenchimento de formulários on line. A Direcção da Associação diz-se disposta a colaborar com as autoridades, hoje como sempre: "Temos trabalhado com amigos, vizinhos, membros responsáveis da comunidade e outras organizações. Por que haveríamos de rejeitar uma nova parceria"?

O impacto dessa eventual substituição na segurança das fronteiras é difícil de avaliar. A juventude e inexperiência destes voluntários poderão ser compensadas pela sua enorme boa vontade e abnegação, espírito de corpo e sentido do dever. "O espírito é esse, mas não chega. Também é preciso tomates" - confessa um assessor governamental que não quis ser identificado.

Por isso, responsáveis na área da segurança admitem inclusive que, além da colaboração dos escuteiros, não seria de excluir a requisição civil dos porteiros dos bares. "Há ali muito saber, muito ex-comando, gente bastante generosa", assegura-nos um deputado da maioria, mostrando com orgulho a tatuagem que lhe percorre o braço direito. Por sua vez, profissionais em actividade na zona da 24 de Julho, também em Lisboa, dizem-se dispostos a aceitar o desafio: "Quisemos ir para o Iraque, mas não nos deixaram. Talvez esta oportunidade sirva para limpar de uma vez por todas o nosso nome e a nossa imagem. Ainda que não seja por esta ordem. E até teremos muito prazer em trabalhar com malta nova, coisa a que estamos bem habituados na nossa profissão". A única limitação à participação dos porteiros é que estes profissionais apenas operam de noite, o que obrigaria os escuteiros a fazer turnos mais exigentes. Alertados pelos filhos, alguns pais, igualmente escuteiros, mostraram-se apreensivos com o timing escolhido: "O meu filho tem a chave de casa desde os 13, mas não posso permitir que isso lhe venha estragar a época de exames", afirmou um progenitor exaltado à saída de um encontro de Associações de Pais com o Ministro da Educação. "Mudar as datas de exames será difícil", reconheceu o Ministro. O responsável da Administração Interna, que passava ocasionalmente, concordou: "Isto é como os fogos, só podem ser no Verão".

Todavia, caso o Governo venha a optar pelo recurso aos escuteiros, resta a questão da formação, tornada urgente pela proximidade do Euro 2004. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) surge assim como a única opção de Barroso, cabendo ao Ministro da tutela, Bagão Félix, pronunciar-se sobre a rápida reconversão do IEFP. O Instituto, ao que parece, passará a denominar-se, provisoriamente, Instituto de Estrangeiros e Fronteiras Portuguesas.




In Inépcia

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