Crucifies my enemies....

quarta-feira, novembro 05, 2003

Estava a ouvir uma música qualquer, não me lembro agora qual.
Era bonita, não sendo um boi, pois segundo o ditado bonitos são os bois, não faço a mínima ideia porquê, mas de qualquer das formas cada vez que a minha mãezinha me diz isso torço logo o nariz.
Não é que me chame boi, mas de vez em quando diz que sou bonito. Excluindo a parcialidade da questão, até poderá ter um pouco de razão.
Não no do boi, note-se.
Para falar a verdade nada que o boi tenha eu tenho.
Porque afinal de contas a beleza é relativa.
Se uma pessoa for cega, até o feio é belo, ou até o belo é feio, depende do grau de cegueira.
Não me considero feio. Mas também posso ser cego, logo aqui me lixo.
Mas a verdade é que a beleza é um conceito tão abstracto como o amor, e não vamos entrar por aí que o PC tem limite de memória para escrever (sim que agora já nem se utiliza papel e caneta, não se fala em grafite, mas sim em megabytes).
Mas que o é, é.
Por exemplo, por mais incrível que pareça, há pessoas que gostam da denominada “música techno” e afins, por afins entenda-se tudo o resto.
Eu não gosto.
Nunca gostei.
Provavelmente não gostarei.
Mas não censuro quem gosta.
Faço pior....
Tento mudar-lhes o gosto, tentar fazer com que esses vejam a luz.
Mas quando se está cego, é difícil fazer-se ver a luz a alguém.
Por isso, a beleza tem muito a ver com a cegueira.
Quem cega por uma mulher, acha-a a mais bonita do mundo. Sabe perfeitamente que isso é impossível, pois não se pode avaliar alguém por ter um nariz assim, uma boca assado. Todos somos diferentes.
Mas para o que cegou, não interessa, consciencializa que é assim, e assim é.
Mesmo não o sendo.
Extrai-se daqui uma conclusão.
Quem é cego é feliz. Pelo menos vê algo bonito.
Quem não o é vê tudo, mas nada lhe apraz, nada lhe diz nada.
Eu sou cego. Mas não sou feliz.
Mas pelo menos vou tentando não ver a luz.
E com isto tudo esqueci-me da música.
E tudo isto para dizer que por ti ceguei.
Pois é.

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