Crucifies my enemies....

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Porque me chamaram fascista.....

Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia (então província da Prússia) em 5 de maio de 1818 e morreu em 14 de março de 1883, em Londres. Podemos encontrar a influência de Marx em variadas áreas (tais como filosofia, sociologia, economia, história) já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma que é hoje. Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento operário, sendo que ambos (Marx e o movimento operário) influenciaram uns aos outros durante o período em que o autor viveu.

Atualmente é bastante difícil analisar a sociedade humana sem referenciar-se, em maior ou menor grau, à produção de K. Marx, mesmo que a pessoa não seja simpática à ideologia construída em torno de seu pensamento intelectual, principalmente em relação aos seus conceitos econômicos.

Biografia
Karl Marx nasceu numa família de classe média. Seus pais tinham uma longa ascendência judaica, mas, tiveram que se converter ao cristianismo em função das restrições impostas à presença de judeus no serviço público. Em 1835 Marx ingressou na Universidade de Bonn para estudar Direito, mas, já no ano seguinte transferiu-se para a Universidade de Berlim, onde a influência de Hegel ainda era bastante sentida, mesmo após a morte (em 1831) do celebrado professor e reitor daquela universidade. Ali, os interesses de Marx se voltam para a filosofia, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Doutorou-se em 1841 com uma tese sobre as Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro. Nesse mesmo ano concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com a dialética de Hegel.

Impedido de seguir uma carreira acadêmica, tornou-se em 1842 redator-chefe da Gazeta renana. Com o fechamento do jornal pelos censores do governo prussiano, em 1843, Marx emigra para a França. Naquele mesmo ano, casou-se com Jenny von Westphalen. Deste casamento, Marx teve cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura, e Guido. Franziska, Edgar e Guido morreram na infância, provavelmente pelas péssimas condições financeiras a que a família estava submetida. Marx já havia sido privado da oportunidade de seguir uma carreira acadêmica na Alemanha pelo recrudescimento do absolutismo prussiano, que tornava suas posições como hegeliano de Esquerda inaceitáveis,e, com a Revolução de 1848 e o exílio que se seguiu a ela, foi obrigado a abandonar o jornalismo na Alemanha e tentar ganhar a vida na Inglaterra como um intelectual estrangeiro desconhecido com meios de subsistência precários, sofrendo, assim, a sorte comum destinada pela época às pessoas destituídas de "meios independentes de subsistência" (isto é, viver de rendas),e sua incapacidade de ter uma existência financeiramente desafogada não parece ter sido maior do que a dos seus contemporâneos Balzac e Dostoievsky.Durante a maior parte de sua vida adulta, sustentou-se com artigos que publicava ocasionalmente em jornais alemães e americanos e por diversos auxílios financeiros vindos de seu amigo e colaborador Friedrich Engels. Tenta angariar rendas publicando livros que analisassem fatos da História recente, tais como O dezoito brumário de Luís Bonaparte, mas obtem pouco retorno com estas empreitadas.

Karl Marx teve um filho, nascido da relação extraconjugal com Helen Demuth, empregada em sua casa (Frederick Lewis Demuth). Não podendo perfilhá-lo, arranjou para que fosse reconhecido como filho por Engels. Apesar do que se possa aparentar, sua esposa foi paciente em relação a todos estes ocorridos, mesmo porque ela, uma filha de nobres e amiga de infância de Marx, casa-se com ele por desejo, e não por arranjo cerimonial (comum naquele período).Marx foi, no mais, um pai vitoriano convencional: procurou casar bem suas filhas, de modo a poupá-las dos sofrimentos que haviam sido inflingidos por sua atividade revolucionária à sua mãe (como ele diz numa carta á seu futuro genro Paul Lafargue) e chegou a impedir o enlace de sua filha Eleanor com o revolucionário francês e historiador da Comuna de Paris Lissagaray.

Friedrich Engels declama estas palavras quando da morte de Marx, quinze meses após a perda da esposa:

Marx era, antes de tudo, um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais por estas suscitadas, contribuir para a libertação do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar.
(...)
Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, deportaram-no de seus territórios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocráticos, porfiavam entre si ao lançar difamações contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, não tomando conhecimento, só respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhões de colegas trabalhadores revolucionários - das minas da Sibéria até a Califórnia, de todas as partes da Europa e da América - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversários, não teve nenhum inimigo pessoal.

Principais obras
Manuscritos econômico-filosóficos (Ökonomisch-philosophische Manuskripte), 1844 (publicados apenas em 1930);
A Sagrada Família (Die heilige Familie), 1845;
A Ideologia Alemã (Die deutsche Ideologie), 1846;
Miséria da Filosofia (Das Elend der Philosophie), 1847;
Manifesto do Partido Comunista (Manifest der Lommunistischen Partei), 1848;
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte);
O Capital (Das Kapital) - Livro I, publicado em 1867; Livros II e III, publicação póstuma por Engels).

Dialética de Marx
Influenciado por Hegel, diz estar invertida a teoria dialética deste. Ao passo que Hegel, entre outros de sua época, postulava a crença no absoluto (estado, idéias), Marx vem a inverter essa ordem (chama a si mesmo de um hegeliano às avessas) e através de Ludwig Feuerbach passa para o movimento conhecido por hegelianos de esquerda. Coloca a produção material de uma época histórica como a base da sociedade e, também, a criadora da subjetividade dessa época. Não é o conhecimento espiritual que muda a produção da existência e, consequentemente, a vida social, mas exatamente o contrário: com a atividade prática, a revolução (equiparação das forças produtivas com relação ao corpo social), o corpo social transforma também a sua subjetividade.

A relação da produção da vida prática e material para com as idéias não é, porém, determinística e reducionista como à primeira impressão pode parecer; existe uma relação dialética entre essas duas entidades. Marx tinha um pensamento prático e político que muitos entenderam errôneamente como sendo um método a determinar a realidade, chamando-o de materialismo histórico e dialético, que mais tarde veio a ser denominado de marxismo. Sem contar também os estruturalistas, que passaram (também errôneamente) a ver nos escritos de Marx um dito estruturalismo, com os homens sendo apenas apêndices das estruturas econômicas, e não criadores diretos destas.Como colocado por Lukács já na década de 1920, a metodologia marxista vê na ciência social uma totalidade, onde se a Economia organiza a tessitura básica da vida social - a "determinação em última instância", dizia Engels - a Política e a Cultura, por sua vez, contribuem para estabelecer as formas históricas de gestão econômica, e, portanto, agem decisivamente sobre a organização material da Sociedade.

Críticas
As críticas que são feitas a Karl Marx se confundem e as vezes são as mesmas críticas que se fazem ao marxismo, comunismo e socialismo. Uma questão chave que é disputada entre os defensores e os críticos de Marx, é até que ponto o pensador pode ser responsabilizado pelo aparecimento de regimes ditatoriais e autoritários, que alegam inspirar-se em suas idéias.

Existe grande polêmica, por exemplo, se o Estado policial na União Soviética e os gulags seriam conseqüências do pensamento de Marx ou frutos de uma má interpretação feita por parte de seus seguidores.

Em Miséria do historicismo (1935, 1944), Karl Popper discorda de Marx de que a história obedece a leis que se compreendidas podem servir para se antecipar o futuro. Segundo Popper, a história não pode obedecer a leis e a idéia de "lei histórica" é uma contradição em si mesma. Já em A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Popper afirma que o historicismo conduz necessariamente a uma sociedade "tribal" e "fechada", com total desprezo pelas liberdades individuais.O problema com esta crítica de Popper é sobre se Marx teria realmente concebido um historicismo: o que ele faz é, seguindo uma tradição inagurada por Maquiavel e Hobbes, buscar nos interesses e necessidades concretos dos indivíduos na História a causa fundamental das ações humanas, em oposição às idéias políticas e morais abstratas, mas ele não parece supor que esta busca de realização de interesses tenha conseqüências pré-determinadas, interpretação esta que parece mais resultar de uma influência do evolucionismo darwinista na exegese póstuma do pensamento marxiano realizada pelo "papa" da Social-Democracia alemã, Kautsky, no final do século XIX.Interpretação historicista esta que seria contestada, de várias formas, por Bernstein, Rosa Luxemburgo,Lenin, Trotsky e Gramsci, entre outros.

Popper considera, ainda, Marx como "não-científico", pelo fato de seu pensamento não ser passível de contestação. Para Popper, uma idéia para ser considerada válida sob o ponto de vista científico, deve estar sujeita à contestação(resta saber, é claro, se afirmações sobre fatos históricos, necessáriamente únicos, podem ser, nos termos de Popper, falsificáveis).

Eric Voegelin diz que Marx levanta questões que são impossíveis de serem resolvidas pelo "homem socialista". Vogelin também alega que Marx conduz a uma realidade alternativa, a qual não tem necessariamente nenhum vínculo com a realidade objetiva do sujeito. Voeglin diz que quando a realidade entra em conflito com Marx, Marx descarta a realidade.

Raymond Aron, em O ópio dos intelectuais, (1955) critica de forma agressiva os intelectuais seguidores de Marx e condena a teoria da revolução e o determinismo histórico.

4 comentários:

Eva Gonçalves, PhD Sociology disse...

Este post fez-me lembrar uma aula de Sociologia Geral com a Luísa Cristóvam!

Maria disse...

E tu, o que achas?
Isso de ser comunista é só reproduzir as k7's, seja qual for o assunto?

Eva Gonçalves, PhD Sociology disse...

Não! Os Senhores aqui referidos Marx, Engels, Balzac e Dostoievsky, Hegel, Feuerbach, Popper, Aron, são muito importantes, uns por darem o retrato socio-cultural da época e local, outros por explicarem o mundo e as suas variáveis.
O que se faz com a leitura dos seus escritos, a interpretação que se tem e a sua aplicação prática é que variam de pessoa para pessoa.
Marx não pensou no nazismo, quem leu Marx é que achou que era uma boa interpretação da sua teoria, quando misturada com Darwin. Acho que Marx não ia gostar.

Luke disse...

Marx tinha barba. E estilo. Curto o bacano. (isto é capaz de ser a coisa mais pipiniana que se poderia dizer....)