Analisando bem as letras vejam o trabalho de dizer tudo sem ser censurado.
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
Ary dos Santos/Fernando Tordo - "Tourada"
No céu cin zento Sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés ve ludo
Chupar o sangue Fresco da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
José Afonso - "Vampiros"
A morte saiu à rua num dia assima
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação
José Afonso "A Morte Saiu à Rua"
E por fim...
Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já
Do branco ou tinto, se o velho estica eu fico por cá¡
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no a andar
De espada à cinta, já crê que é rei de aquém e além-mar
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
Tiriririri buririririri, Tiriririri paraburibaie, 2X
Tiiiiiiiiiiiiii paraburibaie ...
Tiriririri buririririri, Tiriririri paraburibaie, 2X
A gente ajuda, havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo
O que eu levantei
A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar pró´s filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
Bem me diziam, bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra, quem trepa
No coqueiro é o rei
A bucha é dura, mais dura é a razão
Que a sustem só nesta rusga
Não há lugar pró´s filhos da mãe
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa
E zarpar
José Afonso "Venham mais cinco"
Crucifies my enemies....
quinta-feira, novembro 24, 2005
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12 comentários:
Este senhor era de facto um génio.
Ó meu amigo, das duas uma: ou andas um bocado "atrasado" e só agora reparaste nas letras, ou então estás a passar por uma qualquer fase reaccionária e comuna, o que também é muito grave....
Ó minha amiga, apenas agora, fruto de uma conversa acerca deste tema, me deu para as postar aqui. Reaccionário, bem isso não, mas a minha fase comuna já dura há alguns anos....
De certo, um dia vais ver a luz. Ou então, tornar-te num intelectual de esquerda, com casaquinho de veludo e gola alta. Comuna, só no cartão. E não estou a falar do que está ao lado, do de crédito...esse é para esconder!!!
Lá está uma confusão enormíssima que é costume fazer-se. Mas enfim, discutir política e religião é algo que não faço, por princípio. Mas uma coisa digo, no cartão não é de certo, pois não disse que era militante do PCP, disse que era comunista, por simpatizar com o ideal utópico, irrealizavel, e mal aplicado.
E a cena do casaquinho de veludo é algo um pouco fora dos meus gostos......
Bem, eu estava a falar do cartão do B.E., mas enfim...não vamos discutir, estava só a brincar com o "timing" do teu post... 25 de Abril, SEMPRE!! Ok? Além do mais, Ary dos Santos é uma referência a ser lembrada sempre, independentemente das simpatias partidárias...
Mas eu também estava a brincar! Em termos políticos sou daquelas pessoas que ainda se importa com o que eles dizem que vão fazer. Portanto vejo para além da cor partidária. Em relação ao Ary, ele, Zeca Afonso, Sergio Godinho e alguns mais são simplesmente letristas geniais!
Concordo, bom gosto...
Essas músicas inundavam Machico na altura 25Abril, qd eram os manos Martins à frente da Câmara Municipal...
No machico tocaram estas musicas?.....Que eu saiba aquilo sempre foi uma ditadura....LIBERDADE PARA A MADEIRA JÁ!!!!
Não era Machico que tinha executivo camarário da UDP?
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