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quarta-feira, maio 04, 2005

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Orgasmo feminino

O quarto gira, o corpo treme, perde-se a noção do tempo e do espaço. Diz-se então que se atingiu o cume de uma relação sexual de qualidade - o orgasmo.

É como perder a cabeça.
E até as mulheres mais reservadas a perdem...

De facto, assim é. Nesse momento, o cérebro está mobilizado por inteiro para atingir o prazer, esquecendo todas as suas outras faculdades. É o momento da irracionalidade por excelência, capaz de fazer perder o controlo à mulher mais reservada.

Sem vergonhas. Pelo menos sem a vergonha de há algumas décadas, quando uma mulher que expressasse desejo sexual era tida como doente. Se a mulher manifestasse o seu prazer ao companheiro, era ele próprio que a rotulava de depravada.

O orgasmo feminino era mesmo classificado como patológico e tratado clinicamente. Ou não fosse a reprodução o fito exclusivo da relação sexual... para as mulheres.

Felizmente, a mulher libertou-se destes fantasmas. Conquistou o direito ao prazer sexual, ao orgasmo!

Mas, afinal, o que é o orgasmo? A nível fisiológico, caracteriza-se por contracções rítmicas e involuntárias, em resposta ao incremento máximo da tensão sexual. Trata-se de uma descarga de toda a energia sexual acumulada.

Na mulher, essas contracções concentram-se no clitóris e na vagina, mas estendem-se a todo o corpo, geralmente sob a forma de tensão muscular, acompanhada de taquicardia, sudação, formigamento e respiração acelerada. Em seguida, acontece um relaxamento associado a alívio e bem-estar.

Esta é a fase mais objectiva do orgasmo, no demais o fenómeno é subjectivo. Não existem duas mulheres absolutamente iguais (nem as gémeas o são) e o orgasmo não é excepção. Observa-se, pois, uma enorme variação na intensidade, na duração e na frequência da experiência orgásmica.

Aliás, a experiência do prazer é tão variada no universo feminino que pode ou não ser acompanhada pelo orgasmo. Ou seja: a mulher pode não experimentar um orgasmo na relação sexual sem que isso corresponda à ausência de sensações de prazer.

Muitos sexólogos resistem, por isso, a definir o que é o orgasmo feminino, por entenderem que é uma experiência muito subjectiva, uma experiência única para cada mulher. No que coincidem é no entendimento de que se trata do ponto máximo de excitação e de bem-estar da mulher consigo própria.

No mais recusam padrões, sob pena de haver mulheres que não se sintam retratadas, pensando - erroneamente - que são privadas da capacidade orgásmica.

Desmistificar o orgasmo

Na cultura actual, o sexo está muito genitalizado, demasiado circunscrito à penetração, esquecendo uma premissa básica: a de que o ponto de partida de toda a actividade sexual satisfatória é o contacto íntimo - desde o olhar, o sorriso ao toque.

A sexualidade deve ser vista como uma expressão lúdica, uma viagem por um universo de sensações em que cada parceiro explora o corpo do outro. O sexo como fonte de prazer é muito mais do que o coito, na medida em que o contacto corporal pode proporcionar uma vivência erótica muito superior à da penetração.

Mas o facto é que, apesar da revolução sexual, permanecem os mitos. Já não o de que a mulher não deve exibir o seu prazer, mas o de que o orgasmo é obrigatório, por ele se medindo a qualidade de uma relação. Hoje em dia, para agradar ao parceiro a mulher "tem" de ter orgasmo. E, se não o atinge, finge, tal é a tirania.

Muitas vezes, a ansiedade é tanta que a mulher cai numa armadilha e, em vez do prazer último, o que alcança é a insatisfação. Colocar demasiada expectativa no orgasmo é, pois, contraproducente, até porque se um dos elementos do casal não o sentir isso não significa que haja algo errado.

Muitas vezes, o que se passa é que o casal necessita de um período de adaptação, de tempo para se conhecerem melhor, para se exporem, para aprenderem a estar um com o outro.

Isso pode acontecer quando se inicia um novo relacionamento: a experiência anterior não é simplesmente transferida, pelo que a intimidade deve ser construída.

A ansiedade do desempenho é, apenas, um dos factores que podem impedir o êxtase total: cansaço físico, curto espaço de tempo dedicado às carícias preliminares, local não adequado, pressa, consumo de álcool e drogas também são desencorajadores.

A importância de desdramatizar

Cada mulher é única em matéria de excitação sexual. Mas, independentemente da subjectividade das sensações associadas ao orgasmo, há mulheres que sentem dificuldade em atingi-lo.

Fala-se então de anorgasmia, uma situação muitas vezes relacionada com a anatomia e com a técnica utilizada para atingir o orgasmo.

De acordo com algumas investigações, 75% das mulheres necessita de estimulação directa do clitóris para atingir o clímax, não sendo as relações vaginais o melhor caminho para o conseguir.

Um estudo recente efectuado nos Estados Unidos mostrou mesmo que o orgasmo clitoridiano é o primeiro sentido pelas mulheres, fundamental antes de alcançarem o orgasmo vaginal. Aliás, 73% das mulheres inquiridas não precisava sequer de penetração para ter uma vida sexual satisfatória.

Órgão extremamente sensível, o clitóris parece desempenhar, assim, um papel primordial na sexualidade feminina, podendo a sua estimulação prévia à penetração constituir uma boa "terapia" para as mulheres que sentem dificuldade em atingir o orgasmo.

Mas há também problemas físicos que limitam a capacidade orgásmica da mulher: transtornos locais, como a cistite e a vaginite, têm esse efeito, o mesmo acontecendo com doenças mais crónicas, como o hipotiroidismo, a diabetes mellitus, esclerose múltipla.

O consumo de determinados fármacos, como antidepressivos e tranquilizantes, também pode afectar negativamente a auto-imagem sexual da mulher e inibir o orgasmo.

Estas são, no entanto, situações minoritárias. A ansiedade antecipatória é mesmo uma das principais causas da anorgasmia, pelo que a "terapia" recomendada é o diálogo.

Que pode ser com um terapeuta, evidentemente, mas que deve começar em casa, na própria cama, na condução do parceiro, dizendo-lhe quais as suas preferências. Esse diálogo enriquece a sexualidade, previne mal-entendidos e rupturas e ajuda a desfazer a ideia feita de que "não há mulheres frígidas, há é homens incompetentes".

Aprender sobre o próprio processo de excitação, libertando-se dos padrões sexuais existentes, também é meio caminho andado para a conquista do prazer total e final. Que, para umas mulheres, é uma experiência dramática e avassaladora, e para outras bastante subtil.

Em busca do Ponto G

Um número significativo de mulheres afirma que a melhor forma de atingir o orgasmo passa pela estimulação do ponto-G. Trata-se de uma almofada de tecido que só se pode sentir três a cinco centímetros acima da vagina em direcção ao estômago.

A "culpa" é do ginecologista Ernst Grafenberg, o primeiro a colocar a hipótese de esse ponto poder desempenhar um papel chave na resposta sexual feminina. Se a mulher tentar localizar ela própria o ponto-G, deve deitar-se e puxar os joelhos para cima.

O mito do amor

Há uns anos, sexo e amor tinham obrigatoriamente de andar de mãos dadas no imaginário feminino. Era impensável uma mulher manter relações sexuais sem estar apaixonada, cria-se mesmo que, sem amor pelo parceiro, a mulher era incapaz de sentir desejo e prazer.

Nada mais errado. Não é indispensável que a mulher esteja apaixonada para ter prazer, pode perfeitamente viver - e vive-as - relações puramente sexuais, até há bem pouco tempo domínio exclusivo dos homens.

É certo que o amor pode ser a chave para a entrada na vida sexual, sendo mesmo importante que isso aconteça na "primeira vez", de modo a facilitar a entrega com confiança e a evitar desilusões.

Se pensarmos bem, afinal há tantos casais que se amam e não atingem o orgasmo...

Diferentes até no prazer

É isso mesmo: homens e mulheres são diferentes até no orgasmo. O feminino alimenta-se de contracções pélvicas, entre três a quinze em intervalos de 0,8 segundos, em média.

O masculino termina invariavelmente na ejaculação, após o que o homem entra numa fase de relaxamento, em que é incapaz de retomar a relação. Já a mulher, permanece num estado de excitação elevado.

A mulher, mesmo sem orgasmo, pode ter tido uma relação sexual satisfatória, o mesmo não acontecendo com o homem. A ejaculação é a prova que inviabiliza qualquer fingimento do prazer.

Corrida ao orgasmo

Com a estimulação apropriada, as mulheres têm orgasmos com a mesma facilidade dos homens, ainda que a sua dificuldade em isolar o prazer físico do contexto emocional as possa levar a descurar a exploração do seu corpo ou a inibirem-se de pedir ao seu parceiro que as estimule a um grau de satisfação tal que resulte em orgasmo.

Mas há factores que interferem negativamente na capacidade orgásmica feminina e a chamada "corrida ao orgasmo" é um deles.

Típica nas disfunções masculinas, a ansiedade do desempenho, ou medo de falhar, pode ter um papel na procura obsessiva do orgasmo feminino, quer por parte da mulher, que se concentra excessivamente na sua busca, quer por parte do parceiro que, inseguro do seu desempenho, quase exige da mulher um orgasmo que ateste a sua competência.

2 comentários:

Nacodependências disse...

(...) Parecemos entendidos no assunto!!! Mas será esta a semana do(s) "orgasmo(s)", para tantos blogs falarem sobre isso?

Luke disse...

Teoria simplista: Ele "Então querida, gostaste?" Ela "Bem, já tive melhor, não foi assim nada de especial" Ele " Azarito! Eu GOSTEI!"