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Ciúme: é normal sentir?
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Conceito
Sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém.
Emulação, competição, rivalidade.
Despeito invejoso; inveja. Receio de perder alguma coisa; cuidado, zelo.
O que é o ciúme?
O ciúme não é uma única emoção simples, mas combinações múltiplas de várias emoções que podem aparecer em conjunto ou agrupadas e que são a inveja, seguida de raiva, ódio, pena, autocomiseração, vingança, tristeza, mortificação, culpa, vaidade, inferioridade, orgulho, medo, e ansiedade.
Todo ser humano sofre de ciúmes ou é alvo ou instrumento do ciúme de outros seres humanos e como a sua manifestação é universal, os autores concordam em aceitar que seja normal na evolução do ser humano. Sua manifestação está sempre muito próxima da ansiedade e pode assumir diagnóstico grave ao persistir durante muito tempo.
Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza, frequentemente se torna vaga e imprecisa e as dúvidas podem se transformar em ideias super valorizadas ou delirantes. Na tentativa de aliviar esse sentimento a pessoa é levada à verificação compulsória de suas dúvidas, chegando a atitudes absurdas e ridículas que na maioria das vezes não ameniza o mal estar da dúvida.
É normal sentir ciúmes?
Sim, sentir ciúmes é normal. Tão normal quanto sentir saudades. Assim como a saudade, o ciúme é um sentimento normal quando surge como resposta a uma situação real, imediata, com sua duração limitada a um tempo que nem sempre é definido, porém certamente limitado.
Quando o ciúme começa a se prolongar no tempo e aumentar de intensidade, alguma coisa deve estar acontecendo. A saudade, por exemplo, quando intensa e prolongada, pode gerar uma situação mais séria de depressão. O ciúme também, só que atua mais na esfera da angústia e da ansiedade, gerando, portanto, estados ansiosos mais persistentes.
Geralmente o ciúme ocorre como consequência de uma desconfiança, como o que acontece após uma traição.
Parece que o ciúme sexual coloca subitamente em causa o sentido de identidade de quem o sofre. Ser traídos fisicamente pelo companheiro assume significados mais profundos pois activa os sintomas de insegurança, abandono e raiva. Estas emoções são mais evidentes quanto mais baixa for a auto-estima: quem foi traído chega a duvidar de si como pessoa e a pensar que não vale nada. O facto de que uma outra pessoa seja preferida em nosso lugar, nos faz pensar que falta algo em nós e nos impede de demostrar a raiva e a cólera natural.
O ciúme que o Homem sente, que raramente confessa e que tenta dissimular ou expressar com mau humor, não é muito agradável. Se o homem percebe que a companheira se interessa por outro homem, fica inseguro, pois teme ser encarado por ela como diminuído. A reacção tem carácter de fragilidade, traço que o homem evita conhecer por temer que o desabone.
A mulher, entretanto, se enche de vaidade quando percebe que o companheiro morre de ciúme dela. Tem a expectativa de merecer essa reacção, espécie de atestado de que é importante e de que ele realmente a ama de facto. Já enciumar-se de seu homem é o mesmo que tornar público o quanto o amor dela é valioso ou verdadeiro. Ela na crise de ciúme tenta afastar a concorrente, vista como perigosa. Acredita que é a mulher que se insinuará ao homem, seduzindo-o e não acusa seu companheiro, mas perdoa-o por sua ingenuidade e joga sua hostilidade sobre a caçadora.
Um bom exemplo na mitologia Grega é Hera, esposa legítima de Zeus, que vigiava o comportamento do marido nas inúmeras incursões amorosas dele. Hera, a primeira dama do Olimpo não ousava tocar no marido em represália às escapadas. Preferia perseguir e punir as amantes, a quem atribuía total responsabilidade pelas aventuras do companheiro.
O homem age de modo diferente, vendo nos rivais a presença de uma masculinidade mais forte do que a própria, morde-se de ciúme, porém culpa a companheira por eventuais aproximações. A fantasia é de que ela não é confiável e se insinuará para o oponente por meio de implacável sedução. É como se ambos assumissem que, no jogo amoroso, cabe à mulher a posição activa, e ao homem a passiva. Nesse sentido ela se torna perigosa, ardilosa e indigna de confiança, enquanto ele se mostra tolo, esvaziado de vontade, ingénuo, desprepaparado, mera vítima da sedução feminina.
Resumindo: o sentimento dele relativiza o suposto poder, o dela ressalta a potência.
A evolução dos papéis do casal produziu nos últimos anos mudanças notáveis, mas a insegurança e os sentimentos como o ciúme permanecem como antigamente, porque o casal evoluiu em termos sexuais mas não em termos sentimentais e portanto as reacções são as mesmas de há mil anos atrás.
O ciúmes também poderia ser considerado afrodisíaco, já que segundo pesquisas serve para que as mulheres tenham mais filhos, cuidem mais da sua prole e para que os homens "inconscientemente" produzam mais espermatozóides. Quem considera o ciúme um facto instintivo tende a justificá-lo e evidencia seus aspectos ressegurantes para o casal, enquanto quem o vê como produto da cultura o recusa pois o considera um atraso.
Psicologia do ciúme
O ciúme encontra suas raízes na relação primária entre mãe e o bebé e eventualmente na relação com irmãos. O estado de dependência que caracteriza esse estágio evolutivo e a impossibilidade da parte do bebé de assegurar a presença constante do "objecto de amor", ou seja, a mãe, produz uma verdadeira ansiedade de abandono e perda.
Uma incapacidade de amar baseada na ambivalência profunda aparece nas pessoas cujas relações objectais são governadas pelo ciúme.
O ciúme pode ser ocasional ou onipresente nas pessoas que não conseguem desenvolver amor autêntico, por confundirem todas as relações com uma necessidade narcísica.
O ciúme não é uma simples reacção dolorosa a uma frustração, mas na realidade apresenta a característica oposta: inclinação a importunar e a se tornar obsessivo, o que mostra que a adesão às ideias inconscientes de ciúme serve à repressão.
O carácter obsessivo do ciúme deve-se, em primeiro lugar, ao fato de que a situação actual, que despertou o ciúme, recorda à pessoa uma situação semelhante anterior no passado, que terá sido reprimida e o fato de uma humilhação actual existir em primeiro plano, ajuda a manter no inconsciente a humilhação passada.
A base de todo o ciúme é a frustração inerente ao complexo de Édipo. Freud indicou uma explicação pela ideia que teve do ciúme paranóico: "Na paranóia, o ciúme serve à rejeição, por projecção, de dois tipos de impulsos: impulsos à infidelidade x impulsos ao homossexualismo Certamente ambos os impulsos desempenham um papel no ciúme normal que pode desenvolver-se sempre que há uma necessidade de reprimir impulsos à infidelidade e/ou ao homossexualismo e coincide com a característica de intolerância à perda de amor.
Frequentemente representado por um medo neurótico dos vínculos é, contudo, uma vinculação neurótica, um medo de qualquer mudança de objecto.
Pacientes que reagem a decepções amorosas com depressões severas são sempre pessoas para as quais a experiência do amor terá significado tanto gratificação sexual quanto gratificação narcísica; junto com o amor, perdem a própria existência. Têm medo desta perda e, em geral, são muito ciumentas. É de se notar que a intensidade do ciúme não corresponde em absoluto à intensidade do amor. Aqueles que são mais ciumentos não conseguem amar, mas precisam do sentimento de que são amados. Percam o que perderem, tentam sempre encontrar substituto do parceiro perdido; o desejo de achar outro parceiro é projectado e o paciente crê que o parceiro é que está procurando novo objecto.
O Dilema do ciúme
A principal pergunta em relação ao ciúme, é sem dúvida nenhuma até que ponto está na fronteira da normalidade de um relacionamento ou se tornou algo obsessivo e patológico. A resposta é simples, depende da quantidade de raiva ou ódio que alguém acumula toda vez que sente ciúme por determinada pessoa.
Essa raiva é um mecanismo defensivo que visa depreciar a relação, antecipando uma provável perda, no intuito de se esquecer o mais rapidamente possível do antigo objecto de amor, apontando seus defeitos ou imperfeições. Nesse sentido podemos falar da convergência do amor e ódio num mesmo relacionamento, sendo que no ciúme o predomínio do segundo é extremamente significativo.
Uma das características mais perigosas do ciúme é o sentido de ampliação do mesmo ou seja primeiramente o ciúme se restringe à esfera afectiva ou um possível temor à traição, para em seguida se alastrar a outras áreas da personalidade humana. A pessoa que sente demasiado ciúme começa por também se incomodar com outras partes do desenvolvimento de seu parceiro, principalmente no tocante as potencialidades e criatividade do mesmo.
Começa a desejar secretamente a derrocada profissional do parceiro, com o intuito de que este se torne cada vez mais dependente. Nesse ponto o ciúme se une rigorosamente a outra emoção humana extremamente complicada, a inveja e a relação se torna uma tortura infindável, onde o único caminho para a sobrevivência daquele que sente ciúme é a aniquilação das capacidades de seu companheiro. Essa inveja é quase sempre o alerta do esgotamento do relacionamento.
As teorias psicológicas sempre sustentaram que o ciúme é um tipo de projecção, ou seja, a pessoa acusa um outro de desejar o que ela própria gostaria, porém sempre nega tal fato, seja por culpa, vergonha ou orgulho. É impressionante, entretanto, como o ciúme vai aumentando quanto mais a pessoa nega o descrito anteriormente, pois se vale cada vez mais de sistemas defensivos para que seu companheiro não perceba que é ele que está sedento para buscar outra relação, e assim sendo é mais fácil sentir primeiro o ciúme a fim de atestar sua completa inocência.
A questão do ciúme remete ao medo da perda e em última instância ao medo da morte. Esses sentimentos sempre estão mais presentes em pessoas marcadas por experiências de abandono ou desamparo, sendo que qualquer relação pode disparar esses conteúdos e que o medo é o mais forte, impedindo o livre fluir de outras emoções ou vivências.
Ao invés do ciúme, deveríamos buscar provas de amor em áreas como: dedicação, apoio humano, diálogo e desejo de renovação, companheirismo e omnipresença. Para que uma relação tenha êxito, temos de estar atentos não apenas aos perigos da mesma, mas também aos sentimentos humanos destrutivos, que ao contrário de aprofundarem, corroem a relação.
Conclusão
O ciúme surge em relações amorosas devido a factores como: comparação, competição e medo da substituição Se nos tornamos mais autónomos e auto-criativos, esses factores de relacionamento tornam-se menos significativos e a paixão do ciúme menos provável.
Entretanto, entre relacionamentos possessivos normais o ciúme é normal: se formos substituídos, suplantados, trocados por um modelo melhor, naturalmente sentimos um forte sentimento de perda, angústia, pena e traição, podendo se tornar uma das mais poderosas obsessões da vida humana, mas se podemos aprender a sentir ciúme podemos também desaprender a sua resposta.
E se formos amados por sermos uma pessoa única, a comparação com rivais diminui e quando não estamos em competição com outras pessoas, ficamos menos vulneráveis ao ciúme. Ao tornarmos insubstituíveis na relação, o ciúme desaparece.
Concluindo, a maneira básica de prevenir o ciúme é transformando-nos numa pessoa única e irrepreensível. E sendo autênticos será a melhor maneira de transcender a ameaça de ser substituído por rivais em potencial.
Crucifies my enemies....
quinta-feira, abril 21, 2005
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4 comentários:
pronto...apanharam-me ..já não posso sair à rua, muito obrigado ó sr.Luke...agora vou ter que comprar uma ps2 para me entreter..
Algum dia teria de ser. E sabes que se arranjam muitos e bons jogos de PS2 lá para as nossas bandas.
Sou fã do Tiririca
A música Florentina é realmente interessante...
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