Crucifies my enemies....

terça-feira, outubro 26, 2004

Sociologia do desaire

Os recentes acontecimentos na minha esfera pessoal leva-me a tecer algumas considerações sobre os desaires amorosos.
Por incrível que pareça julgo que a razão de um cada vez maior número de desaires amorosos se prende pela decadência de valores das pessoas da minha geração, bem como da aproximação, em termos de igualdade, entre os sexos.
Passando a explicar, as mulheres, hoje em dia, estão cada vez mais senhoras do seu nariz, mais independentes, com maior iniciativa em variadíssimos campos, especialmente no plano amoroso. Pelo contrário, os homens, estão presos a um tipo de educação que à 30 anos atrás ainda era comum, e especialmente na sociedade portuguesa, isto é, por maior merda que fosse o homem, seria sempre um homem e por essa razão, a quem cabia a iniciativa amorosa, quem comandava a relação, quem trazia o dinheiro para casa enquanto a mulher cuidava desta última e posteriormente dos filhos.
Nada mais errado poderia ser ensinado, incutido, do que o acima descrito.
Resultado?
Pois bem, o homem, com essa panóplia de valores erróneos no seu subconsciente não suporta ver a mulher a ter sucesso na vida, a "ser alguém", a ganhar mais que ele, a fazer a vida que em tempos só ele poderia fazer, borgas incluídas.
Mas mais do que não suportar, não sabe lidar com isso.
Poderá ser esta a origem de conflitos entre casais?
Penso que sim, pelo menos poderá levar ao incremento das disputas já de si normais num casal.
E as coisas vão juntando, crescendo e rebentam.
O homem fica perdido, sem norte, não conseguindo lidar com algo que acabou e ele nem se apercebe porquê, a mulher, sem duvidar em qualquer momento que tem sentimentos, lida com esta situação. Longe vai o tempo da mulher a chorar pelos cantos por um desaire.
E isso irrita a maior parte dos homens. Se houve ruptura, ambos deveriam se sentir miseráveis, mas todavia, o homem ao ver que a mulher consegue lidar com isso sem se sentir miserável, não compreende e fica ele mais miserável ainda.
Claro que nem tudo está perdido.
Como dizem, no meio está a virtude.
Se for possível, e felizmente tenho exemplos que tal é possível, o melhor é encontrar um meio termo entre a independência em crescendo da mulher, e o machismo em alteração para melhor do homem.
Mas vivemos tempos difíceis......

Sem comentários: