É incrível que o conceito de liberdade religiosa tenha sequer de existir. O ter de se regulamentar que cada um possa escolher a sua religião faz tanto sentido como uma discussão de futebol. Porque não instituirmos também nas nossas modernas sociedades a liberdade de lamber gelados de cone?
Qual é o raciocínio? “Tu podes (e deves) acreditar numa entidade superior abstracta, mas tem de ser esta”?
Com que direito é que alguém pode proibir seja quem for de adorar um Deus à sua escolha, mesmo que seja uma beringela estufada? A partir do momento em que se tem a liberdade mental de conceber uma existência superior, esta não deveria estar sujeita a regras de casting.
E a liberdade, mesmo consagrada, à partida já não é muita. Para quem quer hipotecar a alma, o catálogo já está feito, portanto, a imaginação limitada.
Há um determinado número de religiões, cada uma com os seus prós e contras: A Católica tem o conceito de pecado mais interessante – faça agora, pague depois (de morrer) – mas todos são culpados.
A Hebraica parece ter muitas desvantagens. Desde logo, a visual. E para quem gosta de rojões, o ateísmo pode parecer menos niilista. Mas, e segundo elas, a circuncisão tem as suas vantagens.
A religião do Islão pode parecer ideal para quem procura disciplina forte sem querer mudar-se para a Áustria, mas está cheia de contradições. Os Muçulmanos orgulham-se de não consumir álcool ou drogas, e de passar dias inteiros em jejum, mas não resistem a explosivos. Dizem-se apaixonados e devotos respeitadores das mulheres, mas têm várias, que por baixo daquela roupa toda até podiam ser alces, que ninguém dava por nada.
O Budismo oferece todo um pacote exótico – yoga, ying, yang, lótus, zen, karma, máquina zero – e ainda inclui o que nem alguns videojogos possibilitam, a reincarnação. Mas isto também tenha que se lhe diga. É que tanto podemos voltar à terra em grande, como reencarnar na forma de uma calçadeira.
Mesmo bom é que a liberdade religiosa garante também a possibilidade de não se ter uma religião. Isto é porreiro, é como um tipo que vai de carro admitir a existência de peões, não querendo isto significar que pare na passadeira. É magnanimamente conceder a outrem a incapacidade de acreditar em algo que, objectivamente, não existe – é extraordinário!
Que tenham de se instituir liberdades que deviam ser tão garantidas como o peito de Cicciolina no parlamento Italiano é bem a prova da estupidez do ser humano. O que vale é que, por cada coisa má, temos uma boa. Por cada acto de guerra, há alguém que inventa uma cura para uma doença. Por cada insulto, há alguém que faz alguém feliz. Por cada uma destas crónicas, há um(a) fadista que aparece. Ups, troquei a ordem! Ou não?
Francisco Menezes
Crucifies my enemies....
terça-feira, abril 04, 2006
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