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quinta-feira, setembro 16, 2004

Niels Bohr

Já que tudo o que de científico que aqui se fala, vai ter a Einstein, aqui vai mais um.

Niels Henrik David Bohr nasceu no dia 7 de Outubro de 1885, em Copenhaga. Niels Bohr é filho de Christian Bohr e Ellen Adler Bohr. Christian Bohr, professor de fisiologia na Universidade de Copenhaga, tornou-se famoso devido ao seu trabalho sobre os aspectos físicos e químicos da respiração.

Niels Bohr tinha dois irmãos: Jenny e Harald.

Niels, assim como o seu irmão Harald Bohr ( que se viria a tornar um famoso matemático ), cresceu num ambiente favorável ao desenvolvimento das suas capacidades, pois o seu pai era um importante fisiólogo e foi responsável pelo despertar do interesse de Niels pela física, e a sua mãe descendia de uma família que se destacou no campo da educação.



Em 1903, Niels matriculou-se na Escola Secundária de Gammelholm. Mais tarde, Bohr entrou para a Universidade de Copenhaga, onde foi influenciado pelo Professor Christiansen, um físico profundamente original e altamente dotado, e acabou o seu mestrado em física em 1909 e o seu doutoramento em 1911.



Quando ainda era estudante, um anúncio, da Academia de Ciências de Copenhaga, de um prémio para quem resolvesse um determinado problema científico levou-o a realizar uma investigação teórica e experimental sobre a tensão da superfície provocada pela oscilação de jactos fluídos. Este trabalho, levado a cabo no laboratório do seu pai, ganhou o prémio ( a medalha de ouro ) e foi publicado em “Transactions of the Royal Society”, em 1908.



Bohr continuou as suas investigações e a sua tese de doutoramento incidiu sobre as propriedades dos metais com a ajuda da teoria dos electrões que ainda hoje é um clássico no campo da física. Nesta pesquisa Bohr confrontou-se com as implicações da teoria quântica de Planck.



No Outono de 1911, Bohr mudou-se para Cambridge, onde trabalhou no Laboratório Cavendish sob a orientação de J. J. Thomson.

Na Primavera de 1912, Niels Bohr passou a trabalhar no Laboratório do Professor Rutherford, em Manchester.

Neste laboratório, Bohr realizou um trabalho sobre a absorção de raios alpha, que foi publicado na “Philosophical Magazine”, em 1913.

Entretanto, Bohr passou a dedicar-se ao estudo da estrutura do átomo, baseando-se na descoberta do núcleo atómico, realizada por Rutherford.



No mesmo ano, Bohr casou com Margrethe Norlund, com quem viria a ter seis filhos.



Quando regressou à Dinamarca em 1913, Bohr procurou estender ao modelo atómico proposto por Rutherford os conceitos quânticos de Planck.

Bohr acreditava que, utilizando a teoria quântica de Planck, seria possível criar um novo modelo atómico, capaz de explicar a forma como os electrões absorvem e emitem energia radiante. Esses fenómenos eram particularmente visíveis na análise dos espectros luminosos produzidos pelos diferentes elementos. Ao contrário do produzido pela luz solar, esses espectros apresentam linhas de luz com localizações específicas, separadas por áreas escuras. Nenhuma teoria conseguira até então explicar a causa dessa distribuição.

Em 1913, Bohr , estudando o átomo de hidrogénio, conseguiu formular um novo modelo atómico. Bohr concluiu que o electrão do átomo não emitia radiações enquanto permanecesse na mesma órbita, emitindo-as apenas quando se desloca de um nível de maior energia (órbita mais distante do núcleo) para outro de menor energia (órbita menos distante).

A teoria quântica permitiu-lhe formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se localizariam a quaisquer distâncias do núcleo, pelo contrário, apenas algumas órbitas seriam possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do electrão. A transição de uma órbita para a outra seria feita por saltos pois, ao absorver energia, o electrão saltaria para uma órbita mais externa e, ao emiti-la, passaria para outra mais interna. Cada uma dessas emissões aparece no espectro como uma linha luminosa bem localizada.

A teoria de Bohr, que foi sucessivamente enriquecida, representou um passo decisivo no conhecimento do átomo. Assim, a teoria de Bohr permitiu a elaboração da mecânica quântica partindo de uma sólida base experimental.

A publicação da teoria sobre a constituição do átomo teve uma enorme repercussão no mundo científico. Com apenas 28 anos de idade, Bohr era um físico famoso com uma brilhante carreira.

De 1914 a 1916 foi professor de Física Teórica na Universidade de Victoria, em Manchester. Mais tarde, voltou para Copenhaga, onde foi nomeado director do Instituto de Física Teórica em 1920.

Em 1922, a sua contribuição foi internacionalmente reconhecida quando recebeu o Prémio Nobel da Física.

No mesmo ano, Bohr escreveu o livro “The Theory of Spectra and Atomic Constitution”, cuja segunda edição foi publicada em 1924.

Com o objectivo de comparar os resultados obtidos por meio da mecânica quântica com os resultados que, com o mesmo sistema, se obteriam na mecânica clássica, Bohr enunciou o princípio da correspondência. Segundo este princípio, a mecânica clássica representa o limite da mecânica quântica quando esta trata de fenómenos do mundo microscópico.

Bohr estudou ainda a interpretação da estrutura dos átomos complexos, a natureza das radiações X e as variações progressivas das propriedades químicas dos elementos.

Bohr dedicou-se também ao estudo do núcleo atómico. O modelo de núcleo em forma de “gota de água” revelou-se muito favorável para a interpretação do fenómeno da fissão do urânio, que abriu caminho para a utilização da energia nuclear. Bohr descobriu que durante a fissão de um átomo de urânio desprendia-se uma enorme quantidade de energia e reparou então que se tratava de uma nova fonte energética de elevadíssimas potencialidades. Bohr, com a finalidade de aproveitar essa energia, foi até Princeton, na Filadélfia, onde se encontrou com Einstein e Fermi para discutir com estes o problema.

Em 1933, juntamente com seu aluno Wheeler, Bohr aprofundou a teoria da fissão, evidenciando o papel fundamental do urânio 235. Estes estudos permitiram prever também a existência de um novo elemento, descoberto pouco depois: o plutónio.

Em 1934, publicou o livro “Atomic Theory and the Description of Nature”, que foi reeditado em 1961.

Em janeiro de 1937, Bohr participou na Quinta Conferência de Física Teórica, em Washington, na qual defendeu a interpretação de L. Meitner e Otto R. Frisch, também do Instituto de Copenhaga, para a fissão do urânio. Segundo esta interpretação, um núcleo atómico de massa instável era como uma gota de água que se rompe.

Três semanas depois, os fundamentos da teoria da "gota de água" foram publicados na revista "Physical Review". A esta publicação seguiram-se muitas outras, todas relacionadas com o núcleo atómico e a disposição e características dos electrões que giram em torno dele.

Um ano depois de se ter refugiado em Inglaterra, devido à ocupação nazi da Dinamarca, Bohr mudou-se para os Estados Unidos, onde ocupou o cargo de consultor do laboratório de energia atómica de Los Alamos. Neste laboratório, alguns cientistas iniciavam a construção da bomba atómica.

Bohr, compreendendo a gravidade da situação e o perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, dirigiu-se a Churchill e Roosevelt, num apelo à sua responsabilidade de chefes de Estado, tentando evitar a construção da bomba atómica.

Mas a tentativa de Bohr foi em vão. Em julho de 1945 a primeira bomba atómica experimental explodiu em Alamogordo. Em Agosto desse mesmo ano, uma bomba atómica destruiu a cidade de Hiroshima. Três dias depois, uma segunda bomba foi lançada em Nagasáqui.

Em 1945, finda a II Guerra Mundial, Bohr regressou à Dinamarca, onde foi eleito presidente da Academia de Ciências. Bohr continuou a apoiar as vantagens da colaboração científica entre as nações e para isso foi promotor de congressos científicos organizados periodicamente na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1950, Bohr escreveu a “Carta Aberta” às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de pesquisa.

Em 1955, escreveu o livro “The Unity of Knowledge”.

Em 1957, Niels Bohr recebeu o Prémio Átomos para a Paz. Ao mesmo tempo, o Instituto de Física Teórica, por ele dirigido desde 1920, afirmou-se como um dos principais centros intelectuais da Europa.

Bohr morreu a 18 de Novembro de 1962, vítima de uma trombose, aos 77 anos de idade.

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